“Em uma família de médicos, meu tio engenheiro foi a minha inspiração” – Conheça Nayla Santos, Chief of Staff SAP Ariba para América Latina

Acho muito interessante que na minha família, hoje, todo mundo é médico. Meus avôs são imigrantes europeus e sempre foram comerciantes que, apesar de não terem formação, fizeram de tudo para que seus filhos pudessem estudar. Minha mãe começou com a física e foi professora por bastante tempo. Ainda que gostasse de lecionar, percebeu que essa não era sua verdadeira vocação e, por isso, resolveu cursar medicina. Primeiro, como médica nuclear. Mas depois, por causa da vontade de lidar com pessoas, se especializou em ginecologia obstetrícia e trabalha atualmente com adolescentes e mulheres carentes.

Meu tio, minha grande inspiração, era engenheiro eletrônico e todos os sistemas de telefonia da região tem um toque dele. Quando eu era criança, meu pai trabalhava bastante e, como meu tio ainda estudava, era ele quem cuidava de mim. Me dava os melhores presentes e me ensinava as melhores brincadeiras, aquelas “de menino”, sabe? Nós andávamos de bicicleta, empinávamos pipa, brincávamos de autorama… Que saudade. E foi a profissão dele que me incentivou a buscar a tecnologia.

Me graduei em administração de empresas em uma turma composta majoritariamente por homens e bastante focada para o mercado financeiro. Acredito que a minha criação como moleque me ajudou bastante nesse momento. Como a formação em administração é bastante ampla, me aventurei por algumas áreas antes de me ver como desenvolvedora. Um dos primeiros estágios que fiz foi em uma empresa bem pequena, em que eu fazia sites, mas foi uma coisa muito superficial. Tive uma experiência não muito boa e acabei indo para a área de comércio exterior em outra companhia. Ao mesmo tempo, participava de um processo seletivo para uma empresa de tecnologia. Quando fui contratada, participei de um programa chamado System Engineer Development (SED).

Durante o primeiro ano, passávamos pelas áreas de negócios e eu fiquei como suporte na área de compras. Minha principal tarefa era ensinar os compradores a utilizarem o sistema global. Eram 60 compradores e, adivinha…? Maioria homens! Eu gostava bastante dessa função e o time me adotou como mascote. Já no segundo ano, era a vez da formação técnica – o temido technical training. Eram 10 semanas de treinamento, 5 de linguagem C, 3 de visual basic e 2 para desenvolver um projeto. Na primeira fase tínhamos algumas atividades e éramos avaliados em Aceitável e Não Aceitável. Com duas notas negativas o candidato seria desligado da empresa. Imagina o meu medo! Alguém sem formação e experiência técnica, fora do próprio país. Logo na primeira tarefa, a surpresa: recebi um Não Aceitável. A minha sorte foi por ter um avaliador muito positivo, que me incentivou e me disse que faltava muito pouco para o Aceitável. Acho que esse technical training foi o momento mais desafiador que eu já passei na vida e, depois dele, eu tive a certeza de que eu poderia fazer qualquer coisa, desde que me dedicasse.

Acho que trabalhar com tecnologia não quer dizer ser nota 10 em matemática. É preciso apenas muito estudo e muita dedicação. Precisamos ter habilidade para trabalhar com pessoas e em equipe, e essa é uma das características que favorecem as mulheres, que geralmente fazem isso muito bem.

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