“Sem resiliência e dedicação não é possível ter sucesso”, diz Simone Okudi, Diretora de Tecnologia da Stanley Black & Decker
Eu era adolescente quando entrei no curso de Processamento de Dados na Escola Técnica Federal de São Paulo. Na época, tinha facilidade com lógica e este me pareceu um curso promissor. Imaginei que tecnologia seria importante para qualquer outra profissão no futuro.
Comecei a trabalhar na área aos 18 anos como programadora júnior. Não tive muita dificuldade técnica, pois a base escolar era boa, mas não tinha competências comportamentais e nem ideia de como funcionava o mundo corporativo e esse foi o meu maior desafio.
Escolhi carreira em tecnologia por dois motivos: primeiro, porque essa profissão me deu desde muito cedo autonomia financeira. A segunda razão foi o propósito, pois percebi o quanto meu trabalho poderia gerar impacto no negócio e na vida das pessoas.
Nesta profissão, você é um agente de mudanças. A tecnologia está no centro da estratégia dos negócios. É preciso se manter sempre atualizado com as inovações e, ao mesmo tempo, ser muito resiliente. Também precisa ter um senso de urgência e disponibilidade. Eu perdi a conta do número de vezes que acordei de madrugada para cuidar de uma operação 24/7.
Para as mulheres, não tem como negar que a profissão tem desafios adicionais. O mercado de tecnologia é composto por 30% de mulheres apenas. Além disso, tem o viés inconsciente de que homens são melhores em exatas. Normalmente, eles são promovidos por seu potencial e, as mulheres, pelos resultados e isso desestimula aquelas que almejam posições de liderança.
Uma vez ao ingressar em uma nova empresa, um dos gestores me disse: “Antes de você, havia uma mulher, mas ela não passou dos 3 meses de experiência. Não era boa o suficiente”. Na ocasião, eu não respondi, já ele era meu superior, mas aos poucos consegui avançar dentro da corporação.
Alguns anos depois, me tornei gerente e essa pessoa passou a reportar-se a mim. Uma vez, ele fez questão de me agradecer por ter recebido a melhor avaliação de desempenho das minhas mãos. Eu tinha levado fatos concretos no processo de feedback e soube valorizar as suas entregas e traçar planos para o seu desenvolvimento.
Gosto de contar essa estória nos fóruns de diversidade porque acho que temos que participar do processo de mudança. Eu sempre procuro fazer isso, desafiar os padrões. Quando abro uma vaga, peço currículos de mulheres. Acho importante ter diversidade de gênero, raça e idade no time, porque diferentes perspectivas trazem um benefício enorme na resolução de problemas e nos permitem inovar.
Eu tenho muito orgulho da minha carreira e espero inspirar outras mulheres a seguir este caminho. Tenho certeza que a presença feminina na área fará uma grande diferença para o mundo corporativo.
Eu sou apaixonada pelo que eu faço. Para mim, a carreira em tecnologia significa realização e propósito. Tenho dois filhos homens que têm orgulho de mim. E eu me inspiro com eles todos os dias.
O conselho que eu daria para as meninas que querem ingressar em tecnologia é que não precisam ser uma super-heroína. Eu já tive meus erros, mas soube superar cada um e sigo aprendendo. Nunca me faltou disposição, nem crença de eu era capaz.
A jornada não é perfeita e não importa se você vai chegar no topo, mas sim o que você está plantando no caminho que escolhe trilhar. No fim, dá para ser uma excelente profissional, sem abrir mão de ser esposa, mãe e tudo mais que você queira na vida!
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