“Não focar nos problemas e sim nas soluções” é o lema da Analista de TI, do BTG Pactual, Ana Catarina Cavalcante Elizaur
Sempre fui apaixonada por videogames. Quando pequena, passava horas sentada diante de alguma tela com o intuito de zerar o jogo da vez, superando qualquer obstáculo. Mal imaginava que meu passatempo predileto seria a porta de entrada à minha carreira em tecnologia.
A expectativa de meus pais era que seguisse na área de administração, ou algum ramo mais concreto, entretanto, logo fui capturada pelo ramo tecnológico. Na época, estava começando a jogar Capture The Flag (CTF), o famoso pique bandeira virtual, quando notei que dominava uma “hard skill”, a de conquistar o prêmio, o que ampliou minha visibilidade no mercado.
Atrelado a isso, participei também do programa Girls in IT, oferecido pela DXC Technology, cuja finalidade é inserir jovens mulheres no negócio, com ajuda e oportunidades inesquecíveis. Desde então, minha trajetória só foi evoluindo, através do estudo de novos softwares, como o Linux, o qual cheguei até a tirar certificado, além de contato com os mais diversos ramos. Este é provavelmente o lado mais positivo da carreira em tecnologia: a certeza de que todo dia você irá, sem dúvidas, aprender algo que ontem ainda não sabia.
Concomitantemente, por esse mesmo fato, não é recomendável apegar-se somente a uma inteligência específica. A constante inovação pressupõe uma mudança e desapego sem mais nem menos, já que basta uma descoberta para derrubar todas as bases informacionais preestabelecidas. Lembro de quando houve o surgimento da Cloud, forma de armazenamento de dados em uma “nuvem”, sem necessidade de um aparato físico rústico. Do dia para a noite todos os hardwares se tornaram obsoletos e eu sofri quase uma desilusão amorosa, daquelas que não é culpa de nenhuma das partes, o cenário que simplesmente mudou.
De certa forma, considero tal caráter inconstante da tecnologia como elemento intrigante e não negativo. Ao jogar videogames, não me encantava e me debruçava tanto pelo jogo que já vencia de primeira, mas sim por aqueles que apresentavam mais obstáculos. Há sempre algo de magneticamente atraente nos desafios. E, para mais, é divertido solucionar um problema considerando a variedade de caminhos possíveis. Cada um enxerga a seu modo o céu, e me divirto tentando desvendar o que é, para mim, o formato de certas nuvens tecnológicas.
Aliás, diante dos desafios, vale ressaltar que “nunca desisti, fui teimosa para sempre persistir.” Ao longo da minha trajetória, me deparei com inúmeras dificuldades decorrentes da natureza de ser mulher, já que, só por esse fato, as pessoas supostamente se sentem no direito de questionar o seu conhecimento e experiência nos ambientes de trabalho, ainda que não restrito a esses. Além do que, nessa conjuntura, as mulheres muitas vezes até hoje recebem salários menores do que o de colegas homens na mesma posição.
Mesmo assim, busquei sempre olhar para frente ao invés de remoer as dificuldades. Atualmente, sou formada em Segurança da Informação e trabalho como analista de TI no BTG Pactual, onde tenho a oportunidade de participar do Comitê de Mulheres, organizando eventos que promovam debates e solidariedade feminina.
E, claro, não esqueci minhas raízes. Sou a fundadora da Comunidade virtual e independente de CTF, cuja finalidade é a inclusão de gêneros, pessoas e qualquer minoria qualitativa no universo dos games. Vale dar uma conferida no instagram @zero2flag que ensina a cyber segurança por meio do jogo que abriu meu caminho pela tecnologia. (https://www.instagram.com/zero2flag/)
Para saber mais sobre Ana Catarina Cavalcante Elizaur, veja seu LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/aelizaur/
Por: Juliana Ribeiro